quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Afinal de contas, o que querem os economistas?

Existe uma piada sobre economistas que diz algo como: "faça uma pergunta a dois economistas e você receberá pelo menos quatro respostas diferentes...". A piada existe em diferentes versões, mas serve como exemplo das diferenças irreconciliáveis entre economistas, e do fato do mesmo economista ter opiniões divergentes sobre um único fato (aí é que está a gozação, é claro!).

Estou há mais de uma semana para escrever este "post" e a motivação para ele veio da inesperada queda da taxa Selic na última reunião do Copom, realizada no fim de agosto.

No dia seguinte à decisão, os jornais publicaram opiniões de inúmeros economistas, e o consenso foi de que a decisão era temerária, a inflação estava alta, a crise mundial ainda não estava bem definida e não se sabia ao certo qual a sua extensão, blá blá blá.....

Ora, ora, ora... não estou aqui para defender a política econômica deste ou daquele governo. Mas, qual era a crítica mais constante que se ouvia ao longos dos últimos (muitos anos), desde o governo FHC? Os juros estão altíssimos, o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo, isso inviabiliza os negócios no Brasil, traz dinheiro especulativo para cá, é um dos fatores responsáveis pelo Real desabar, e também aumenta o custo da dívida pública, etc e tal.

E de uma hora para outra estes motivos todos desapareceram?
Acho que não....

A ÙNICA opinião dissonante que eu ouvi foi a do Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil no FMI que, inclusive, menciona a enorme preocupação do Fundo com os rumos da economia mundial.

O Brasil está com inflação alta? Sem dúvida ! O IPCA de agosto de 2011 foi 0,37% e o acumulado em 12 meses 7,23%, totalmente fora do intervalo de confiança para a meta de inflação, e com grande pressão derivada dos alimentos e serviços. E o ano que vem também não vai ser bom, pois temos um tremendo aumento do salário mínimo já planejado.

Mas, fazer o que? Dar uma cacetada para cima nos juros tentando segurar a inflação???

Pode deixar que o mundo inteiro vai se encarregar de fazer isso sem que a gente precise subir os juros. A Europa está desabando, seus bancos têm uma quantidade imensa de ativos prá lá de duvidosos, a crise já bate na porta de países grandes e não surpreenderá muita gente se a Espanha for a bola da vez. Os EUA tentam, tentam mas não conseguem sair do buraco. Já se fala (se espera, se reza???) por um tal de QE3 (quantitative easing 3), ou seja, jogar mais dinheiro na economia americana prá ver se ela sai do lodo.

O Japão, coitado, ainda está lidando com a reconstrução do terremoto e do tsunami, tem que gastar seu dinheiro dentro de casa.

E ficam todas as esperanças do mundo em cima da China?

Tá certo que a China cresce num ritmo assombroso, mas mesmo ela está desacelerando, e ninguém pode imaginar que o crescimento chinês vá conseguir levar a reboque o resto do mundo, Brasil inclusive.

O que estou dizendo é: o Brasil vai ser afetado SIM, e a crise "bicho papão" mundial está aí para derrubar todo mundo por algum tempo, então a idéia de baixar os juros foi certa, pois evita que a gente entre 2012 (quando a coisa deve estar preta) com os juros lá em cima e a atividade econômica lá embaixo.

E para quem acha que eu sou pessimista demais, vejam a opinião do FMI sobre o crescimento mundial (link da revista Exame).

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