terça-feira, 27 de setembro de 2011

Crise dos carros - cada dia é uma novidade ...

E agora começou a farra das liminares na justiça, bastante previsível.
Várias empresas já conseguiram sustar o aumento por 90 dias.

Parece que os carros montados no Uruguai também terão direito à isenção do mega-imposto. Isso afeta diretamente a Kia Motors e também algumas montadoras chinesas (inclusive a que fabrica o "genérico" do Mini Cooper). Estas últimas só montam o produto no Uruguai, tudo vem lá do outro lado do mundo.

Para mim esta estória tem três coisas complicadas:
1) Separar o joio do trigo - existem montadoras que parecem ter um sério interesse em fincar raízes no Brasil, como a Hyundai, que está quase terminando a sua 2a. fábrica no país.
2) Mostrar que o Brasil tem regras claras, fixas e imutáveis. É o famoso risco político, institucional, regulatório, ... Se o governo não mantém as regras do jogo, ou se muda as regras do jogo no meio dele, não importam os motivos (exceto a 3a guerra mundial!), a credibilidade do país vai para o ralo. Isso me preocupa - credibilidade demora anos para ser construída e segundos para ser destruída.
3) Subsídios - quando a "mão" do governo privilegia alguém, seja através de subsídios ou de impostos (em cima dos outros), sempre fico com o pé atrás. Cá para nós, as nossas montadoras de automóveis já estão meio grandinhas para ir chorar na porta do ministro e pedir proteção! Antes de qualquer coisa, gostaria de ver a margem de lucro destas coitadinhas aqui no Brasil e saber se elas (apesar de todo o custo Brasil) ganham mais ou menos que em seus países de origem. Quase aposto que ao divulgar esta informação teriam vergonha de pedir proteção ao governo. Montadoras, façam um favor aos brasileiros: tomem vergonha na cara e tratem de abaixar os preços sem botar a culpa no câmbio, nos salários, no custo Brasil e também no ...(preencher com alguma desculpa esfarrapada criativa)!

Se fosse tão ruim ser montadora de automáveis neste país tupiniquim, não haveria tantas delas.

O duro é conseguir andar a mais de 10 km/h nas grandes cidades!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Crise dos carros - mais um post da Exame Online - Como a Kia, Chery, JAC e Hyundai podem sobreviver ao IPI maior - Empresas - EXAME.com

Como a Kia, Chery, JAC e Hyundai podem sobreviver ao IPI maior - Empresas - EXAME.com

domingo, 18 de setembro de 2011

Crise - parte 3.2. - o IPI dos carros


Os jornais botaram a boca no trombone. Para variar, a conta cairá em cima do consumidor (não deveria causar espanto, não é mesmo?).

Receita Federal e Fazenda não se entendem sobre a data de vigência da cacetada do IPI sobre os carros (e caminhões) fora do Mercosul e México, se 45 ou 60 dias a partir de ontem, mas isso é o de menos, o importante é que a "intervençãozinha" dura até dezembro de 2012.

Uma coisa é certa - o governo está sendo coerente: está seguindo direitinho a cartilha intervencionista que está lá nas origens dos economistas do PT. O governo Dilma parece estar dando uma guinada à esquerda em relação ao governo Lula. Vai dar certo? Sei lá. Sempre torço prá tudo dar certo, porque já vivi décadas perdidas demais.

O que é fato é que as montadoras coreanas e chinesas vão entrar pelo cano, e algumas japonesas também. E eu temo que esta estória só sirva para aumentar os preços dos carros - vai ficar uma maravilha para as montadoras já instaladas aqui, e as outras acabam dando um jeitinho, cortando daqui e dali. No fim das contas TODO MUNDO remarca os carros em 20% e fica bom prá todo mundo, que tal? Só não fica bom prá quem quer comprar carro, mas aí o governo dá mais uma ajudinha e permite de novo aqueles financiamentos looooooooongooooossss (quem sabe até numas 150 módicas prestações, hein?) e aí fica realmente TODO MUNDO feliz (e no maior engarrafamento). Que tal???

Prá terminar, não resisto e copio aí para o lado uma figurinha que estava na Folha Online agora. Vejam só, dentre os carros importados, quem vai pagar o IPI"zinho" a mais... É ou não é para sacanear os chineses e os coreanos????




Hora do Recreio - parte 2

Ao reler o último post notei que ele não fazia muito sentido. Explico: eu falava que já havia testado diversos softwares para ouvir música online e nenhum era tão bom quanto o tunein e que não exigia que se baixasse nada para o computador mas eu tinha descoberto através do Android Market, ou seja, baixando "algo" (para o tablet, não para o micro).

Em resumo, se você vai usar o tunein no computador (Windows, não sei nada de Mac e Linux mas presumo que vai rodar do mesmo jeito porque é através do navegador) não precisa fazer download de nada.

Se você vai usar no celular ou tablet Android, baixe o aplicativo no Android Market, é grátis, 0800 total...

E para quem não percebeu, basta clicar no título do último post que você cai direto na página do tunein.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Hora do Recreio

Já experimentei diversos softwares para ouvir música online e estou apaixonada por este - Tune in. Descobri através do Android Market, é grátis e, melhor de tudo, funciona no Windows sem instalar nada e não cai nunca, o streaming funciona que é uma maravilha. Naturalmente tem rádios do mundo inteiro e eu estou aqui na frente do micro com o meu Lite Rock direto de Miami há dias, sem coragem de mudar de estação porque conheço todas as músicas (e como disse no post anterior, sou quase "jurassic park").

Crise - parte 3 - agora o IPI dos carros

E lá vou eu falar de novo sobre os impactos da crise na terra do samba, futebol, caipirinha e jabuticabas...

Antes de mais nada, um esclarecimento: na semana passada eu comentava entre amigos que preferia comprar um carro brasileiro ou de alguma indústria já estabelecida aqui, ao invés de um chinês (ou de qualquer outra procedência), cujo fabricante não investisse na Terra Brasilis.

Eis que o governo decretou ontem aumento de 30% do IPI para carros e caminhões importados que não possuam certos requisitos de nacionalização.

E você deve estar dizendo: então ela concorda em gênero, número e grau com esta medida.

A minha resposta é simples: NÃO!

Por que não? Será que é só porque eu sou do contra? Também não, embora muitas pessoas jurem que seja só pelo prazer de polemizar ... Quem, como eu, já é quase testemunha ocular da pré-história, deve se lembrar da famigerada Lei da Informática da década de 80. Onde isso nos levou? A 20 anos de atraso tecnológico. Também, não posso me esquecer do Collor dizendo que iria permitir a importação de carros pois os nossos eram verdadeiras "carroças", o que era verdade.

Todas as vezes em que o governo mete o bedelho em alguma coisa, através de redução ou aumento de imposto, ou criação de subsídios, dá errado, pois significa privilegiar alguém em detrimento de outros. E é isso o que me preocupa - não acredito na capacidade de qualquer governo em fazer uma "intervençãozinha" na Economia sem efeitos deletérios. Um aumento do IPI aqui, uma forcinha para um certo setor da economia acolá e quando a gente vê já virou uma bagunça sem igual...

Um ditado popular deveria ser lembrado pelos formuladores da nossa política econômica: "de boas intenções o inferno está cheio...."



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Crise - parte 2

Eis a continuação do post de ontem. Acho que o assunto vai render mais que a novela das 9 (antigamente era a novela das 8, já fiz atualização para o novo horário).


A manchete do Valor Online de 3 horas atrás é: "

BC aposta em crise externa e política fiscal para conter demanda"

Não deve causar espanto, não é mesmo?


A ata da famosa reunião do Copom que reduziu a Selic de 12,5% para 12,0% está aqui.


Em linhas gerais, o Copom manifesta sua preocupação com a desaceleração da economia brasileira, que já está acontecendo, e com a fragilidade da economia mundial. Comentam que a transmissão da crise externa para o Brasil se dá por diversos canais, dentre eles "

redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários".



Precisa de mais para temer uma recessão ou querem pagar prá ver??

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Afinal de contas, o que querem os economistas?

Existe uma piada sobre economistas que diz algo como: "faça uma pergunta a dois economistas e você receberá pelo menos quatro respostas diferentes...". A piada existe em diferentes versões, mas serve como exemplo das diferenças irreconciliáveis entre economistas, e do fato do mesmo economista ter opiniões divergentes sobre um único fato (aí é que está a gozação, é claro!).

Estou há mais de uma semana para escrever este "post" e a motivação para ele veio da inesperada queda da taxa Selic na última reunião do Copom, realizada no fim de agosto.

No dia seguinte à decisão, os jornais publicaram opiniões de inúmeros economistas, e o consenso foi de que a decisão era temerária, a inflação estava alta, a crise mundial ainda não estava bem definida e não se sabia ao certo qual a sua extensão, blá blá blá.....

Ora, ora, ora... não estou aqui para defender a política econômica deste ou daquele governo. Mas, qual era a crítica mais constante que se ouvia ao longos dos últimos (muitos anos), desde o governo FHC? Os juros estão altíssimos, o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo, isso inviabiliza os negócios no Brasil, traz dinheiro especulativo para cá, é um dos fatores responsáveis pelo Real desabar, e também aumenta o custo da dívida pública, etc e tal.

E de uma hora para outra estes motivos todos desapareceram?
Acho que não....

A ÙNICA opinião dissonante que eu ouvi foi a do Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil no FMI que, inclusive, menciona a enorme preocupação do Fundo com os rumos da economia mundial.

O Brasil está com inflação alta? Sem dúvida ! O IPCA de agosto de 2011 foi 0,37% e o acumulado em 12 meses 7,23%, totalmente fora do intervalo de confiança para a meta de inflação, e com grande pressão derivada dos alimentos e serviços. E o ano que vem também não vai ser bom, pois temos um tremendo aumento do salário mínimo já planejado.

Mas, fazer o que? Dar uma cacetada para cima nos juros tentando segurar a inflação???

Pode deixar que o mundo inteiro vai se encarregar de fazer isso sem que a gente precise subir os juros. A Europa está desabando, seus bancos têm uma quantidade imensa de ativos prá lá de duvidosos, a crise já bate na porta de países grandes e não surpreenderá muita gente se a Espanha for a bola da vez. Os EUA tentam, tentam mas não conseguem sair do buraco. Já se fala (se espera, se reza???) por um tal de QE3 (quantitative easing 3), ou seja, jogar mais dinheiro na economia americana prá ver se ela sai do lodo.

O Japão, coitado, ainda está lidando com a reconstrução do terremoto e do tsunami, tem que gastar seu dinheiro dentro de casa.

E ficam todas as esperanças do mundo em cima da China?

Tá certo que a China cresce num ritmo assombroso, mas mesmo ela está desacelerando, e ninguém pode imaginar que o crescimento chinês vá conseguir levar a reboque o resto do mundo, Brasil inclusive.

O que estou dizendo é: o Brasil vai ser afetado SIM, e a crise "bicho papão" mundial está aí para derrubar todo mundo por algum tempo, então a idéia de baixar os juros foi certa, pois evita que a gente entre 2012 (quando a coisa deve estar preta) com os juros lá em cima e a atividade econômica lá embaixo.

E para quem acha que eu sou pessimista demais, vejam a opinião do FMI sobre o crescimento mundial (link da revista Exame).